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As Fotografias de Cida Demarchi: Interrogação, Afirmação ou Beijo Cálido?

Nesta semana, o blog It Rab volta com um novo layout, novos textos e, também novos artistas, novas publicações. E, para iniciar essa fase, escolhi falar sobre a arte de fotografar: linguagem universal que registra o tempo e o espaço imprimindo toda a sensibilidade daquele que a registra.


Essa sensibilidade é demonstrada no trabalho de Cida Demarchi, paranaense, formada em Ciências Sociais que, ao resolver ampliar seus interesses, permitiu à fotografia entrar em sua vida. Cida é fotógrafa, membro da United Photo Press e membro vice presidente (Brasil) da International Zarco Academy of Arts, e ganhadora de vários prêmios por seu trabalho.

Em suas fotos, Cida procura mostrar a essência do ser humano e seus sentimentos com um olhar único, sem preconceitos, registrando momentos de alegria, ternura, drama e arte.

As fotos abaixo fazem parte do projeto “Mulheres Brasileiras”.quem vem traçar uma identidade nacional, mostrando a diversidade existente em um país, colonizado por europeus, orientais e africanos, mas que carrega a presença indígena no processo de miscigenação.


Foto exposta MIAF-Portugal, International Art Forum, Fine Arts & Photography, em Funchal, na ilha da Madeira, Portugal, na exposição intitulada Faces.

Fotografia Exposta em Setúbal-PORTUGAL

E para conhecer um pouco de seu trabalho, Cida gentilmente respondeu algumas perguntas para o blog.


Blog IT Rab - Como foi o seu início na fotografia?

Cida Demarchi- Comecei a estudar fotografia com a pessoa que fez me apaixonar por esta arte: Lya Uba. Ela me levou para conhecer a fotografia de moda, mas muito rapidamente eu decidi que desejava experimentar muito mais. Também acreditava que só permitiria me chamar de fotógrafa se eu soubesse fotografar tudo (estúdio, natureza, esporte, moda, etc) e por um tempo eu busquei várias experiências até chegar na fotografia de evento e na fotografia de palco. Neste momento eu já estava fazendo uma especialização em fotografia e comecei a refletir sobre o que via nesses cenários. Fechei meu foco no “drama humano” e, pouco tempo depois, reuni a bagagem que eu trazia da dança para focar ainda mais fechado, agora no feminino. É onde está meu trabalho hoje e percebo que este é o meu verdadeiro “marco-zero”. É por esta via que sigo no amadurecimento da minha arte.



Blog IT Rab - Como define seu estilo fotográfico?

Cida Demarchi - Não ousaria definir um estilo para o meu trabalho neste momento. Acredito que isso deve aparecer seguramente ao longo da minha obra e será consequência das minhas reflexões cada vez mais profundas.


Blog IT Rab - O que mais a motiva a fotografar nas pessoas?

Cida Demarchi - Os sentimentos escondidos, ou pelo menos aqueles que as pessoas acham que escondem.

Blog IT Rab - Quais são suas maiores influências no universo da fotografia?

Cida Demarchi - Busco influências nas artes plásticas como a luz da escola barroca, especialmente de Caravaggio, e as poéticas composições de Klint.

Mas na fotografia, meu grande Mestre é Steve McCurry. São os mais belos retratos e as mais belas composições de cores, emoções e contextos que meus olhos puderam ver até hoje. As imagens de SM são poemas visuais. Ele vê a beleza em tudo; busca a dignidade das pessoas no meio da guerra e suas imagens possuem uma força dramática muito além do esperado. Outro aspecto importante para mim no seu trabalho é o uso da cor. Em geral, é consenso que foto arte é P&B, enquanto que, em minha opinião, saber utilizar as cores é muito mais difícil, porque exige muito mais do que contraste, exige força e ineditismo na composição. E esta é uma marca registrada nas imagens de McCurry. Quero atingir o ponto em que as pessoas olharão para uma imagem minha e me reconhecerão nela.


Blog It Rab - Você acha que um cenário ou a pessoa fotografada podem fazer a diferença na hora do clique?

Cida Demarchi - Sim, seguramente. Os elementos da imagem e as personalidades sempre serão de grande importância, mas temos o nosso olhar que, muitas vezes, é determinante sobre o tema. Um olhar aguçado recria uma história, enxerga o invisível.


Blog It Rab - Como surgiu o conceito das Catrinas?

Cida Demarchi - Eu tenho uma amiga que estava vivendo uma grande perda. Para melhorar seu emocional eu convidei-a para fazermos um ensaio e, entre as sugestões de tema surgiu uma Catrina. Naquele momento não era um projeto, era apenas uma Catrina. No entanto, quando comecei a produzi-la comecei a pensar sobre tudo que estava acontecendo com ela e tudo que eu desejava para ela. Foi pensando nisso que criei o desenho de seu rosto. Coloquei o violeta (7º Raio – Violeta – transmutação – Saint Germain) no entorno de seus olhos com o desejo de que ela transmutasse o que estava vivendo e que ela voltasse a “ver o mundo” de forma mais leve e feliz. Nos dias que sucederam ao ensaio, eu tratei as fotos e comecei a pensar nas inúmeras “perdas” que já tinha acontecido com ela. Eu sentia que ela havia “morrido” com cada uma delas. A partir de então, eu comecei a ver muitas “mortas-vivas” pelas ruas, entre amigas, enfim, por todos os lados. Esta reflexão me levou ao conceito central do trabalho que é o Mito de Perséfone e comecei a avaliar o quanto ele estava presente na mulher e o porquê disso. Toda a história veio como uma avalanche na minha cabeça e eu criei tudo muito rápido. Num prazo de pouco mais de dois meses, tudo estava pronto.

Para finalizar: “A fotografia é uma lição de amor e ódio ao mesmo tempo. É uma metralhadora, mas também é o divã do analista. Uma interrogação e uma afirmação, um sim e um não ao mesmo tempo. Mas é , sobretudo um beijo muito cálido.” (Henri Cartier Bresson)


Blog It Rab - Suas fotografias podem ser consideradas metralhadoras, divãs ou um beijo cálido?

Cida Demarchi - (Risos) Seguramente um divã que eu fecho com um beijo cálido. As pessoas não saem iguais de uma sessão comigo. Eu quero o que elas possuem de melhor porque a beleza elas possuem de melhor, porque estão demasiadamente ensopadas com o pessimismo e com as armadilhas de consumo que as envolvem e as fazem acreditar em coisas que não são verdadeiras. É muito divã sim porque fazemos juntos esta “viagem para dentro de si” buscando a beleza de cada um. O resultado é 100% positivo, sempre, por isso ele é concluído com um beijo cálido. Esse beijo é o meu click, porque é com ele que eu reapresento a pessoa para ela mesma e a levo para a sociedade que a julgou antes, mas que agora terá de rever os seus conceitos e começar a mudar os seus padrões.

Cida Demarchi com toda essa sensibilidade e com seu clique, consegue captar a beleza de cada pessoa e representar o que há de melhor em cada um.


Outros trabalhos poderão ser encontrados na página do Facebook https://www.facebook.com/CidaDemarchiPhoto e site www.cidademarchi.com.br



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